O Conselho de Administração da Petrobras decidiu, em reunião na sexta-feira (19), propor a distribuição de 50% do total de dividendos extraordinários retidos em março. A medida representa um recuo do governo, que inicialmente defendia a retenção integral dos proventos.
Se aprovada a proposta na Assembleia Geral Ordinária (AGO), cerca de R$ 6 bilhões chegarão como reforço ao caixa da União, principal acionista da companhia. O pagamento de metade dos dividendos é estimado em R$ 43,9 bilhões.
A Petrobras afirmou, em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que a distribuição não comprometeria a estabilidade financeira da estatal ao se considerar cenários dinâmicos. Além disso, propôs que a eventual distribuição dos 50% remanescentes, a título de dividendos intermediários, seja avaliada pelo conselho ao longo do ano.
Anteriormente, representantes do Ministério de Minas e Energia, comandado por Alexandre Silveira, defendiam a retenção total dos dividendos. O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, chegou a afirmar que o tema não seria discutido pelo Conselho na reunião.
A distribuição dos proventos foi alvo de discussões recentes no governo. Enquanto Prates e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendiam o pagamento, Rui Costa (Casa Civil) e Silveira se opunham. Prates chegou a ser alvo de críticas internas em Brasília, com especulações sobre uma possível troca no comando da estatal, que esfriaram recentemente.
Para especialistas, a reação negativa do mercado à retenção inicial foi um movimento especulativo, visando pressionar a empresa a pagar os dividendos imediatamente. A decisão final sobre a distribuição será tomada na AGO, prevista para 25 de abril.
